sexta-feira, 4 de julho de 2008

BOA VISTA - Cachoeiras de Macacu-RJ

O sol brilhava já de manhã cedo, e, por entre as árvores começava a buscar o seu espaço para brilhar durante mais um dia. Boa Vista,lugar onde tomei muito banho de rio. Infelizmente hoje a "Vista" não é nada "Boa", o que se vê são cercas de arame farpado por todo o curso do rio, invadindo as margens e limitando o acesso. Sem contar o derramamento de esgoto e a quantidade de lixo encontrados pelo caminho. Preferi mostrar então um outro lado, o lado rural, que nos faz esquecer que estamos a poucos metros do centro da cidade. Paisagens bucólicas, tempo de pouca chuva, as paisagens ficam meio cinzentas, parte disso pela poeira em suspenção no ar por conta das estradas de terra batida outra parte por conta da não dissipação da poluição por falta de chuvas. Encontrei pouca gente pelo caminho, o céu repleto de urubus pediam uma lente teleobjetiva. Resolvi então seguir o mestre Sebastião Salgado e fazer todo o ensaio em Preto e Branco e espero que gostem do resultado.


Logo no começo da caminhada recebo as boas vindas

O caminho é longo

Urubu

Bananeira dando frutos na beira da estrada. Fome? Só se quiser




Cavalo na beira do rio, detalhe das cercas.

Embaúbas

Pedra do Colégio, ainda estava longe...

Urubu cortando as nuvens

A Lua em contraste com o vôo do urubu

Urubus e lua

Homem preparando a carroça


Esse cachorro me seguiu por um bom tempo

Rio

Toco

Caranguinha pegando um solzinho

Cipós

E essa foi uma das paisagens que mais vi, no lugar das crianças brincando de pique e mergulhando das pedras; que pena

Onde existe a presença do homem, existe o lixo. Precisamos reciclar pois a beira do rio não é lixeira

Borboleta 88 no lixo

Passarinho

Pedra do Colégio

Rio

Borboleta disfarçada nas folhas

Casinha velha

Nosso Município encontra-se dentro de um vale, cercado de montanhas

Urubu, poste

Ponte


Outra casinha velha

passarinho observa a movimentação do alto do poste

Galhos emolduram a Pedra do Colégio

Rosa

Borboleta polinizando

Paisagem de sertão nordestino, bois pastando, céu com nuvens e urubus

Ponte

Pedra do Colégio + Flores

Árvore seca com a casinha velha de fundo

Rosas

Pedra do Colégio vista de uma outra maneira

Boi





Bem pertinho

Olha o tamanho desse chifre

Na volta o sol aumentou e os bois que pastavam no alto do morro procuram a sombra das árvores.



Fotos e Texto: Urano Salvaya

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O ÚLTIMO JOGO


O Último Jogo
(Urano Salvaya)

Apita o árbitro e começa a partida. Thiago foi o mais fominha que conheci. Era engraçado, no quintal de tia Neide, Ele apurrinhando Eu, Marcelo e Titiu para bater bola, usávamos um banco de cimento como um dos gols e o outro era feito com tijolos. O dia em que não queríamos jogar não fazia diferença, foi o único que vi jogar sozinho, fazendo tabelinhas com o muro, atacava e defendia, driblada seus marcadores invisíveis e depois comemorava os gols. Ali surgiu um de seus apelidos: Dura, de Duracell, a pilha que não acaba nunca.
Mais engraçado ainda era sentar no muro nos fins de semana e escutá-lo contar as histórias passadas durante a semana no Vasco. Seus olhos brilhavam ao contar que estivera perto dos grandes ídolos do futebol profissional. – Caraca! Vi Edmundo hoje! Joga muito!

Como não lembrar da final da Conmebol? Estávamos lá, torcendo da arquibancada pelo nosso time da Estrela Solitária em um jogo duríssimo contra o Penharol do Uruguai. Jogo empatado, disputa de pênaltis e no final soltamos o grito de Campeão, nos abraçamos, choramos e ficamos um longo tempo ainda dentro do estádio cantando o hino do nosso time. Eu, Etinho, Fabiano, Titiu, Leonardo, Dr Mário Jorge, Jorge Busquet, Carlos Índio e ele lá pequenininho, pulando e comemorando.
E como todo bom boleiro que se preze, ele também amava o samba, começou no Pró- Álcool, onde Eu, Dudu, Vinicinhos e Ele éramos chamados de heróis. Fazer o que? Fechávamos com Batata e pronto!
Com o tempo foi se aprofundando e conhecendo os bambas do samba de raiz, do samba de roda, do samba de mesa. Cansei de acordar ao som de Arlindo e Zeca no quintal, o som que ecoava da casa do fundo, do Fundo do nosso Quintal, aquele som que exaltava o samba “Exaltasamba”, naquelas manhãs ouvíamos a “Revelação” de uma alma apaixonada por samba.

Todo dia era dia de festa e o quintal era só alegria, descia a escada e gritava Tia Neide, me perguntava qual era a boa do fim de semana e onde iríamos ver o jogo do Botafogo.
Quantas saudades, mas o jogo é jogado e sua equipe era forte. Quantos amigos, melhores amigos. Quantos sorrisos, apenas sorrisos! Coitado de Zóio, um dos mais sacaneados. Horas e horas passadas no muro jogando conversa fora.
Porém em um domingo de sol por obra de Deus deu seu último passe, seu último drible, seu último espetáculo com a bola nos pés. O surdo silenciou, também parou a mão que tocava o pandeiro e as batidas do coração que marcavam o tan tan. Nosso time sentiu, e, contra os reservas do Fluminense não saímos de um zero a zero. Aliás naquele domingo quase todos sentiram e muitos jogos terminaram empatados, não havia vencedores. Os Deuses do Futebol, também revoltados e entristecidos fizeram com que a tarde de domingo fosse de Fúria. E a Fúria se sagrou a campeã da Europa, e o artilheiro carregava nas costas o número que Garrinha eternizou, que Túlio Maravilha te deu enormes alegrias e o que você mais gostava de usar.

O jogo continua, agora em outros campos. Os campo celestial deve estar lotado de admiradores do bom futebol. Já te vejo realizando seu sonho e jogando ao lado do nosso maior ídolo: Garrincha! Também te vejo repetindo as tabelinhas de outros tempos com o nosso amigo Gerinha, imponente, trajando a 10 no time dos sonhos. Vai ser difícil, você e o Garrinha querendo usar a 7, use a 29 ela marca o dia da sua chegada ao novo time (2-9=7). Faça bastante amigos, como fez aqui, entorte a todos com seus dribles e também marque muitos gols. Mande um abraço pro Gerinha, diga que também sentimos a falta dele, se encontrar Jamelão e o Mestre Cartola em uma roda de samba por ai, diga a eles que sou Mangueirense.
Sente tome uma gelada e bata um Papo de Samba.

Torne-se ídolo, o maior de todos, pois quando a minha hora chegar, quero te encontrar por aí e te pedir um autógrafo. Sua torcida aqui é digna de um Maraca lotado.

Saudades sim, tristeza não, Você foi só alegria.

Fotos: J.C. Mesquita;Juninho e Etinho Miranda (Jornal O Estado do Rio)